sábado, 28 de fevereiro de 2009

ANÔNIMO


Ser anônimo é muito fácil.
Escrever qualquer coisa,
Sobre qualquer pessoa ,
E não se identificar,
Qualquer um, poderá fazer,
Mas insultar alguém assim,
É ser fraco, antagônico, dissimulado!
Esse sim é um qualquer.
Tais atitudes,
Só pode vir de um pobre de espírito, De caráter!
Pois ter caráter não é para qualquer um,
Não é mesmo!
Mas pode ter certeza,
A tua inveja, só o faz mais pobre,
Demonstra que você é um infeliz!
Ser covarde nas suas atitudes,
É um dos piores defeitos do "homem"
Eu! Eu sou assim:
- Meu amor é incondicional, é isso o incomoda,
- Não é?
-O que o incomoda mais ainda,
-É, que, jamais vou falar mal ou odiar a pessoa que amo.
A minha fé em Deus é maior que a sua covardia!
De Lourdes

Amor Dissoluto


No encantamento de um sonho se fez presente,
A embriagar-me com sua insolência amorosa.
Homem garbo, de inteligência viril.
Em momentos de extrema frigidez,
Demonstrou-se forte,
A tirar-me daquele abismo.
Abismo que levaria-me à morte.
Levantou-me das ruínas mais profundas,
Dos espinhos que entrelaçavam meu ser,
Minha vida, minha estrada.

No, entanto, não passou de uma libertinagem,
Que afogou-me no mar negro,
Em que o desejo, tornou-se fraco,
O qual dissolveu-me por inteira.

Foi o veneno pro meu coração.
Amor Dissoluto que de mim, sugou a alma!
Da lua sugou a luz!
Do amor sugou-se tudo!

Cadê eu? Morri!

De Lourdes

Manifesto da Antropofagia Periférica





Este é um dos textos mais lindos que já li.

A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros. A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula. Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha. A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza. A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar. Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão. Das Artes Plásticas, que, de concreto, querem substituir os barracos de madeira. Da Dança que desafoga no lago dos cisnes. Da Música que não embala os adormecidos. Da Literatura das ruas despertando nas calçadas. A Periferia unida, no centro de todas as coisas. Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala. Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala. É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que, armado da verdade, por si só exercita a revolução. Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona. Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural. Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado. Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!”. Contra os carrascos e as vítimas do sistema. Contra os covardes e eruditos de aquário. Contra o artista serviçal escravo da vaidade. Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada. A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza. Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.


Sérgio Vaz Poeta da Periferia

(blog: colecionadordepedras.blogspot.com)